30 dezembro 2023

SOLENIDADE DO NATAL - MISSA DO DIA

 Caros irmãos e irmãs,


A liturgia deste dia é um hino ao amor de Deus. Canta a iniciativa de Deus que, por amor, se vestiu da nossa humanidade e “estabeleceu a sua tenda entre nós”. Jesus, o menino nascido em Belém, Deus Filho veio ter conosco e falou-nos, com palavras e gestos humanos, para nos doar a Vida plena e para nos elevar à dignidade de “filhos de Deus”.

Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia a chegada de Deus, o Salvador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo a felicidade sem fim. É um convite a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.

A segunda leitura mostra o agir de Deus Salvador. A primeira etapa da história da Salvação, acontece através dos porta-vozes de Deus: os profetas; eles anunciaram a ação salvadora e libertadora de Deus.

A segunda etapa da história da salvação: “nestes dias que são os últimos”, Deus manifestou-Se através do próprio “Filho” – Jesus Cristo, o “menino de Belém”, a Palavra plena, definitiva, perfeita, Deus vem ao nosso encontro para ser o caminho da salvação. 

O Evangelho desenvolve a segunda leitura e apresenta a “Palavra” viva de Deus. Jesus Cristo é a Palavra viva e Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação.

O Verbo fez-Se carne, para que assim conhecêssemos o amor de Deus: “Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigênito, para que vivamos por Ele" (I Jo 4, 9). "Porque Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigênito, para que todo o homem que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).


O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de santidade: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim [...]" (Mt 11, 29). "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim" (Jo 14, 6). E o Pai, na montanha da Transfiguração, ordena: "Escutai-o" (Mc 9, 7). De fato, Ele é o modelo das bem-aventuranças e a norma da Lei nova: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei" (Jo 15, 12). Este amor implica a oferta efetiva de nós mesmos, no seu seguimento.

O Verbo fez-Se carne, para nos tornar "participantes da natureza divina" (2 Pe 1, 4): "Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a adopção divina, se tornasse filho de Deus" (83). "Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses". O Filho Unigênito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade, assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses".

A fé na verdadeira Encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: “Nisto haveis de reconhecer o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa a Jesus Cristo encarnado é de Deus” (1 Jo 4, 2). É esta a alegre convicção da Igreja desde o seu princípio, ao cantar “o grande mistério da piedade”: “Ele manifestou-Se na carne” (1 Tm 3, 16).

Assim, a Igreja confessa que Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É verdadeiramente o Filho de Deus feito homem, nosso irmão, e isso sem deixar de ser Deus, nosso Senhor:

“Ó Filho único e Verbo de Deus, sendo imortal. Vos dignastes, para nossa salvação, encarnar no seio da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, e sem mudança Vos fizestes homem e fostes crucificado! Ó Cristo Deus, que por Vossa morte esmagastes a morte, que sois um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!”

Uma vez que o Verbo Se fez carne, assumindo uma verdadeira natureza humana, o corpo de Cristo era limitado (Fl 2,7: mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano.”). Portanto, o rosto humano de Jesus pode ser “pintado”. No VII Concílio ecuménico, a Igreja reconheceu como legítimo que ele fosse representado em santas imagens.

Ao mesmo tempo, a Igreja sempre reconheceu que, no corpo de Jesus, “Deus que, por sua natureza, era invisível, tornou-se visível aos nossos olhos”. Com efeito, as particularidades individuais do corpo de Cristo exprimem a pessoa divina do Filho de Deus. Este fez seus os traços do seu corpo humano, de tal modo que, pintados numa imagem sagrada, podem ser venerados porque o crente que venera a sua imagem, “venera nela a pessoa nela representada.

Um dia, durante as festas do Natal, S. Francisco de Assis andava chorando e suspirando pelos caminhos e florestas, e parecia inconsolável. Perguntaram-lhe a causa de sua dor e ele respondeu: “Como quereis que eu não chore, vendo que o amor não é amado? Vejo um Deus amar o homem até a loucura, e o homem ser tão ingrato a esse Deus!” Se a ingratidão dos homens afligia tanto o coração de S. Francisco, imaginemos quanto mais afligiu o coração de Jesus Cristo!


Jesus nasceu na humildade dum estábulo, no seio duma família pobre. 

Tornar-se criança diante de Deus é a condição para entrar no Reino, e para isso, é preciso abaixar-se, tornar-se pequeno. Mais ainda: é preciso nascer do Alto (Jo 3, 7), nascer de Deus para se tornar filho de Deus. O mistério do Natal cumpre-se em nós quando Cristo Se forma em nós ( Cf. Mt 18, 3-4. Mt 23, 12.  Jo 1, 13. Jo 1, 12. Cf. Gl 4, 19.). O Natal é o mistério desta admirável permuta:

“Oh admirável permuta! O Criador do género humano, tomando corpo e alma, dignou-Se nascer duma Virgem; e, feito homem sem progenitor humano, tornou-nos participantes da sua divindade!

Assim Seja! 


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