30 dezembro 2023

Uma novena a São João Apóstolo e Evangelista!

 Irmãos e irmãs! 

Hoje inicia-se mais uma novena a São João Apóstolo e Evangelista! 

Estamos na Semana Santa do Advento para o Santo Natal!

O Evangelho de hoje mostra-nos a profecia de Jeremias sendo realizada: “farei brotar de David um rebento justo - diz o Senhor”. José, filho de David recebe o anúncio desse nascimento que está próximo, e também é anunciado pelo profeta Isaías: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho”.

Observamos que o cumprimento desta promessa, tão longamente preparado, se realiza com um drama pessoal e muito doloroso. José pensava ter de renunciar a Maria, ter de renunciar a casar com Ela. Os grandes dons de Deus são geralmente precedidos de grandes sofrimentos. Deus quer alargar o nosso coração, muito pequeno para receber os seus dons. Uma vocação não se realiza sem drama e sofrimento: seja a vocação matrimonial, sejam as diversas vocações de consagração e de serviço na Igreja. Muitos fracassos na fidelidade à própria vocação é devido não levar a sério as provações, dificuldades que enfrentará! 

A primeira leitura e o evangelho é ligada pelo “rebento justo” que floresce no tronco de David e “que será rei e governará com sabedoria”. Este rei misterioso que nasce por obra do Espírito, é o Messias - Jesus Cristo -  que «salvará o povo dos seus pecados». Deus tem o sim de José, um homem simples e de fé profunda, que não põe dificuldade ao chamado de Deus; mergulha no mistério da Salvação, mesmo sem o compreender completamente, acredita e colabora com docilidade e confiança para que o Senhor Deus conduza a história da salvação cujo centro é o seu Filho Jesus Cristo.

O homem justo não é aquele que fica na teoria, mas aquele que lê os acontecimentos da vida à luz da Palavra de Deus.

Estar disposto a obedecer a Deus, é uma condição prévia para entrar em diálogo com Ele e servi-lo. A Igreja necessita sempre de pessoas que entreguem o seu coração indiviso (sem divisão) ao Senhor como hóstia viva, santa, agradável a Deus. A Igreja necessita também de famílias santas, de lares cristãos que sejam verdadeiro fermento de Cristo e forjem (modelem) no seu seio muitas vocações de entrega plena a Deus.

A Virgem Maria e São José, fizeram-se pobres na sua vontade e dispostos colaboraram efetivamente na história da nossa salvação realizada em Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado.

Mais uma vez os fiéis católicos desta cidade de Cumbe, iniciando esta novena, recordam um membro muito importante do colégio apostólico: João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago. O seu nome, tipicamente judaico, significa "o Senhor fez a graça". Estava consertando as redes na margem do lago de Tiberíades, quando Jesus o chamou juntamente com o irmão (cf. Mt 4, 21; Mc 1, 19). João pertence também ao grupo restrito, que Jesus chama em determinadas ocasiões.


Está com Pedro e com Tiago quando Jesus, em Cafarnaum, entra em casa de Pedro para curar a sua sogra (cf. Mc 1, 29); com os outros dois segue o Mestre na casa de Jairo, chefe da sinagoga, cuja filha será chamada à vida (cf. Mc 5, 37); segue-o quando ele sobe ao monte para ser transfigurado (cf. Mc 9, 2); está ao lado dele no Monte das Oliveiras quando, face à imponência do Templo de Jerusalém, pronuncia o sermão sobre o fim da cidade e do mundo (cf. Mc 13, 3); e, finalmente, está ao seu lado quando, no Horto do Getsêmani, se afasta/retira para rezar ao Pai antes da Paixão (cf. Mc 14, 33). Pouco antes da Páscoa, quando Jesus escolhe dois discípulos para os enviar a preparar a sala para a Ceia, confia a ele e a Pedro esta tarefa (cf. Lc 22, 8).

Esta sua posição de relevo no grupo dos Doze torna de certa forma compreensível a iniciativa tomada um dia pela mãe: ela aproximou-se de Jesus para lhe pedir que os dois filhos, precisamente João e Tiago, pudessem sentar-se um à sua direita e outro à sua esquerda no Reino (cf. Mt 20, 20-21). Como sabemos, Jesus respondeu fazendo por sua vez uma pergunta: pediu que eles estivessem dispostos a beber do cálice que ele mesmo estava para beber (cf. Mt 20, 22).

A intenção que estava por detrás daquelas palavras era a de despertar os dois discípulos, introduzi-los no conhecimento do mistério da sua pessoa e de fazê-los refletir sobre a futura chamada a ser suas testemunhas até à prova suprema do sangue.

De facto, pouco depois Jesus esclareceu que não veio para ser servido mas para servir e dar a própria vida em resgate pela multidão (cf. Mt 20, 28). Nos dias seguintes à ressurreição, encontramos "os filhos de Zebedeu" empenhados com Pedro e outros discípulos numa noite infrutuosa, à qual se segue, pela intervenção do Ressuscitado, a pesca milagrosa: será "o discípulo que Jesus amava" quem reconhece primeiro "o Senhor" e quem o indica a Pedro (cf. Jo 21, 1-13).

Na Igreja de Jerusalém, João ocupou um lugar de realce na orientação do primeiro agrupamento de cristãos. De facto, Paulo estava incluído entre os que Ele chama as "colunas" daquela comunidade (cf. Gl 2, 9). Na realidade, nos Atos dos Apóstolos, Lucas apresenta-o juntamente com Pedro quando vão rezar no Templo (cf. Act 3, 1-4.11) ou estão diante do Sinédrio para testemunhar a própria fé em Jesus Cristo (cf. Act 4, 13.19). Juntamente com Pedro é enviado pela Igreja de Jerusalém para confirmar aqueles que na Samaria aceitaram o Evangelho, pregando por eles a fim de que recebam o Espírito Santo (cf. Act 8, 14-15).

Em particular, deve recordar-se o que afirma, juntamente com Pedro, diante do Sinédrio que os está a processar: "Quanto a nós, não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos" (Act 4, 20). Precisamente esta franqueza ao confessar a própria fé permanece um exemplo e uma admoestação para todos nós estarmos sempre prontos para declarar com determinação a nossa inabalável adesão a Cristo, antepondo a fé a qualquer cálculo ou interesse humano.

Segundo a tradição, João é "o discípulo predileto", que no Quarto Evangelho apoia a cabeça no peito do Mestre durante a Última Ceia (cf. Jo 13, 21), encontra-se aos pés da Cruz juntamente com a Mãe de Jesus (cf. Jo 19, 25) e, por fim, é testemunha quer do túmulo vazio quer da própria presença do Ressuscitado (cf. Jo 20, 2; 21, 7).

Nesta novena recebam uma lição importante para a vossa vida: o Senhor deseja fazer de cada um de nós um discípulo que vive uma amizade pessoal com Ele. Para realizar isto não é suficiente segui-lo e ouvi-lo exteriormente; é preciso também viver com e como Ele.

Isto é possível apenas no contexto de uma relação de grande familiaridade, repleto do calor de uma total confiança; por isso um dia Jesus disse: "Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos... Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai" (Jo 15, 13.15).

O culto de João apóstolo afirmou-se a partir da cidade de Éfeso, onde, segundo uma antiga tradição, trabalhou por muito tempo, falecendo ali com uma idade extraordinariamente avançada, sob o Imperador Trajano. Em Éfeso o imperador Justiniano, no século VI, mandou construir em sua honra uma grande basílica, da qual permanecem ainda imponentes ruínas.

Precisamente no Oriente ele gozou e goza ainda de grande veneração. segundo a tradição morreu sob o imperador Trajano e em intensa contemplação, quase na atitude de quem convida ao silêncio.

Meus Irmãos e irmãs, sem adequado recolhimento não é possível aproximar-se do mistério supremo de Deus e da sua revelação.  

O Senhor nos ajude, e de modo especial aos que vierem todas as noites de novena, a estarmos com disposição na escola de São João para aprender a grande lição do amor, de modo a nos sentirmos amados por Cristo "até ao fim" (Jo 13, 1) e imitando a Virgem Maria e São José, vivermos nossa vida por Ele.

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