03 fevereiro 2024

Homilia Tríduo Capela São Bras - MFII

TRÍDUO DE SÃO BRÁS - CAPELA SÃO BRÁS - MFII

Irmãos e Irmãs, 

O Evangelho da MISSA descreve a missão que os Doze mobilizaram pelas aldeias e regiões da Palestina. Pregaram a necessidade de fazer penitência para entrar no Reino de Deus e expulsavam os demônios e ungiam com óleo muitos doentes e os curavam.

O azeite era utilizado com freqüência para curar as feridas, e o Nosso Senhor determinou que fosse essa a matéria do sacramento da Unção dos Enfermos. Nas breves palavras do Evangelho de São Marcos a Igreja crê que este sacramento foi instituído pelo Senhor e mais tarde promulgado e recomendado aos fiéis pelo Apóstolo São Tiago. É o socorro de Cristo e da sua Igreja pelos cristãos mais necessitados, mostrando sempre a sua compaixão infinita pelos enfermos. 

Jesus se revelou aos discípulos enviados pelo profeta João Batista despertando a atenção para o que estavam vendo e ouvindo: os cegos recuperavam a vista e os coxos andavam; os leprosos ficavam limpos e os surdos ouviam; os mortos ressuscitavam e os pobres eram evangelizados.

Na parábola do banquete das bodas, os criados recebem esta ordem: Saí pelos caminhos... e trazei os pobres, os aleijados, os cegos, os coxos... São inúmeras as passagens em que Jesus se mostra compadecido ao contemplar a dor e a doença, e em que cura muitos como sinal da cura espiritual que realizava nas almas.

Ora, Jesus quis que nós, os seus discípulos, o imitássemos numa compaixão eficaz por quem sofre na doença e em toda a dor. 

Nos doentes, vemos o próprio Cristo que nos diz: O que fizestes por um destes, a mim o fizestes. “Quem ama verdadeiramente o próximo deve fazer-lhe bem ao corpo tanto como à alma – escreve Santo Agostinho –, e isso não consiste apenas em acompanhar os outros ao médico, mas também em cuidar de que não lhes falte alimentação, bebida, roupa, moradia, e em proteger-lhes o corpo contra tudo o que possa prejudicá-lo... São misericordiosos os que usam de delicadeza e humanidade quando proporcionam aos outros o necessário para resistirem aos males e às dores”.

Entre as atenções que podemos ter com os doentes está o cuidado de visitá-los com a freqüência oportuna, de procurar que a doença não os tire o sossego, de facilitar o descanso e o cumprimento de todas as prescrições do médico, de fazer com que o tempo que estejamos com eles lhes seja grato. Não esqueçamos que os doentes são o “tesouro da Igreja” e que têm um poder muito grande diante de Deus, pois o Senhor os olha com particular afeto. 

II. Como Cristãos devemos preocupar-nos pela saúde física dos que estão doentes e também pela sua alma. Procuraremos ajudá-los com os meios humanos ao nosso alcance e, sobretudo, fazendo que eles vejam que, se unirem essa dor a paixão de Cristo, ela se converterá num bem de valor incalculável: torna-se ajuda eficaz para toda a Igreja, purifica as faltas passadas e é uma oportunidade que Deus lhes dá para crescerem muito na santidade pessoal, porque não raras vezes Cristo abençoa com a Cruz.

O sacramento da Unção dos Enfermos é um dos cuidados que a Igreja reserva para os seus filhos doentes. Este sacramento foi instituído para ajudar os homens a alcançar o Céu, mas não pode ser administrado aos sãos, nem mesmo aos que não padecem de uma doença grave, ainda que se achem em perigo de vida, porque foi instituído a modo de remédio espiritual, e os remédios não se dão aos que estão bem de saúde, mas aos doentes (Catecismo Romano, II, 6, 9).

A Igreja não deseja que se espere até os momentos finais para recebê-lo, mas quando se começa a estar em perigo de morte por doença ou velhice; pode-se, porém, ser administrado novamente, se o doente se recupera depois da Unção ou se, durante a mesma doença, se acentua o perigo ou a gravidade; pode-se administrá-lo também a quem vai submeter-se a uma intervenção cirúrgica, desde que a causa da operação seja uma doença grave.

O maior bem deste sacramento é livrar o cristão do abatimento e da fraqueza que contraiu pelos seus pecados.

Deste modo a alma sai fortalecida e recupera a juventude e o vigor que tinha perdido em consequência das suas faltas e debilidades.

É um sacramento que infunde uma grande paz e alegria na alma do doente que esteja lúcido, movendo-o a unir-se a Cristo na Cruz e a corredimir com Ele, e que “prolonga o interesse que o Senhor manifestou pelo bem-estar corporal e espiritual de quem está doente, como testemunham os Evangelhos, e que Ele desejava que os seus discípulos também manifestassem”.

III. E nós? Quando o Senhor nos fizer experimentar a sua Cruz através da dor e da doença, deveremos considerar-nos filhos prediletos. Ele pode enviar-nos a dor física ou outros sofrimentos: humilhações, fracassos, injúrias, desgostos na família... Não devemos esquecer então que a obra redentora de Cristo prossegue através de nós.

Por muito pouco que possamos valer, o sofrimento converte-nos em corredentores com Cristo, e a dor – que era inútil e má – transforma-se em alegria e num tesouro. E podemos dizer com o Apóstolo São Paulo: Agora alegro-me com os meus padecimentos por vós, e supro na minha carne o que falta às tribulações de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja.

Sobre a vida de São Brás - protetor da garganta e dos otorrinolaringologistas, dos pecuaristas e das atividades agrícolas; a sua fé em Cristo, que manteve até à morte por decapitação, após cruéis torturas indescritíveis. A tradição diz que era natural de Sebaste, na Armênia, onde passou a sua juventude, dedicando-se, sobretudo, aos estudos de Medicina. Ao tornar-se Bispo, entregou-se aos cuidados físicos e espirituais do povo, realizando, segundo a tradição, até curas milagrosas.

Naqueles anos, as condições de vida dos fiéis da fé cristã pioraram por causa dos contrastes entre o imperador do Oriente, Licínio, e do Ocidente, Constantino, que causaram novas perseguições. O Bispo Brás, para fugir das violências, refugiou-se em uma caverna, no Monte Argeu, onde viveu na solidão e na oração, guiando a sua Igreja, apesar da distância, com mensagens secretas.

Porém, o Bispo Brás foi encontrado e preso pelos guardas do governador Agrícola e levado a julgamento. Ao longo do caminho, encontrou uma mãe desesperada, com seu filhinho nos braços, que estava sendo sufocado por um espinho ou isca de peixe cravado em sua garganta. O bispo abençoou-o e a criança recobrou imediatamente a saúde. Este fato, porém, não foi suficiente para poupá-lo do martírio, após torturas atrozes, que não conseguiram mudar seu espírito.

Recorremos à nossa Mãe, a Virgem de Fátima. Ela, “que no Calvário, permanecendo de pé valorosamente junto à Cruz do Filho (cfr. Jo 19, 25), participou da sua paixão, sabe sempre convencer-nos a unirmos os nossos próprios sofrimentos ao sacrifício de Cristo, num «ofertório» que, transpondo o tempo e o espaço, abraça e salva toda a humanidade”.

Peçamos-lhe que as penas – inevitáveis nesta vida – nos ajudem a unir-nos mais ao seu Filho, e que, quando chegarem, saibamos entendê-las como uma bênção para nós mesmos e para toda a Igreja.


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