18 março 2023

A nossa “natureza decaída” é um artigo da nossa fé.

Através do pecado dos primeiros pais, Adão e Eva, a nossa natureza foi corrompida pela “concupiscência”. Isso significa que temos uma tendência ou uma atração pelo pecado. Não se trata apenas de luxúria. O pecado fundamental, de acordo com a maioria dos teólogos, é o orgulho.

A nossa natureza decaída está inclinada a todos os sete pecados capitais: orgulho, ira, luxúria, inveja, gula, avareza e preguiça. O clericalismo está enraizado no pecado do orgulho, mas também envolve a luxúria, a inveja e a avareza.

“A inveja é o “vício clerical, por excelência”, e os outros pecados capitais mais presentes na Igreja são a vaidade e a calúnia. Muitos dentro da Igreja estão “consumidos” pela inveja. Alguns não aceitam nomeações de outros para Bispo e este não é o único pecado capital entre os homens da Igreja, o vício da vaidade, precisando que na Igreja “é muito grande”. Continuamente a Igreja se desnuda e se reveste de ornamentos inúteis”. (Cardeal Martini, D. Carlo Maria - in memorian).

O Papa Francisco no seu Discurso do Simpósio Internacional: “Para Uma Teologia Fundamental do Sacerdócio” em Fevereiro de 2017, no parágrafo sobre a proximidade entre os presbíteros escreve:

“O outro é incapaz de se alegrar com o bem que nos acontece na vida, ou então sou eu que me sinto incapaz de me alegrar quando vejo o bem na vida dos outros. Esta incapacidade de se alegrar com o bem alheio, dos outros é a inveja - quero destacar isto –, que tanto faz tribular os nossos ambientes e que constitui uma dura luta na pedagogia do amor, e não simplesmente um pecado a confessar. O pecado é a última coisa, é a atitude que é invejosa. A inveja está muito presente nas comunidades sacerdotais. E a Palavra de Deus diz-nos que é a atitude destrutiva: por inveja do diabo, entrou o pecado no mundo (cf. Sab 2, 24). É a porta, a porta para a destruição. E sobre isso devemos falar claramente: em nossos presbitérios, há inveja. Nem todos são invejosos. Isso não! Mas a tentação da inveja está sempre à espreita. Tenhamos cuidado. E, da inveja, provém a murmuração.

Para nos sentir parte da comunidade, do «nós», não é preciso usar máscaras que deem, de nós mesmos, apenas uma imagem vencedora. Ou seja, não precisamos de nos vangloriarmos, e menos ainda de nos orgulharmos ou, pior, assumir atitudes violentas, faltando ao respeito com quem nos rodeia. Há também formas clericais de bullying. Com efeito, se um sacerdote tem algo de que gloriar-se, é a misericórdia do Senhor; conhece o seu pecado, a sua miséria e os seus limites, mas experimentou que, onde abundou o pecado, superabundou o amor (cf. Rm 5, 20); e esta é a sua primeira boa nova. Um sacerdote que tenha isto presente, não é invejoso, não pode ser invejoso.

O amor fraterno não busca o próprio interesse, não deixa espaço à ira, ao ressentimento, como se o irmão ao meu lado me tivesse de algum modo defraudado em qualquer coisa. E, quando encontro a miséria do outro, estou pronto a não recordar para sempre o mal recebido, não fazer disso o único critério de julgamento, chegando porventura ao ponto de me alegrar com a injustiça quando a sua vítima é precisamente a pessoa que me fez sofrer. 

O amor verdadeiro compraz-se com a verdade e considera um pecado grave atentar contra a verdade e a dignidade dos irmãos através de calúnias, maledicências, murmurações. A origem está na inveja. Chega-se a isto, inclusive às calúnias, para se ganhar uma posição... E isto é muito triste. Quando daqui se pedem informações para se fazer bispo alguém, muitas vezes recebemos informações viciadas de inveja. E esta é uma doença dos nossos presbitérios”.

Nós Sacerdotes precisamos refletir sobre essa proximidade, pois como conclui o Papa Francisco: “Atrevo-me a dizer que, onde reina a fraternidade sacerdotal, a proximidade entre os padres, e existem laços de verdadeira amizade, é possível viver com mais serenidade também a opção celibatária. O celibato é um dom que a Igreja latina guarda; mas, para ser vivido como santificação, necessita de relações sadias, relações de verdadeira estima apostando no bem autêntico, cuja raiz está em Cristo. Sem amigos e sem oração, o celibato pode tornar-se um peso insuportável e um contra testemunho da própria beleza do sacerdócio. Não é por acaso que o maligno, para destruir a fecundidade da ação da Igreja, procura minar os nossos laços constitutivos. Defender os laços do presbítero com a Igreja particular, com o instituto a que pertence e com o bispo torna confiável a vida sacerdotal. Defender os laços.”

Divino Salvador Jesus Cristo, concedei-nos sacerdotes santos, inflamados no fogo do vosso amor… E vós, ó Maria, Mãe dos Sacerdotes, aumentai nas Famílias o respeito e o amor ao Sacerdócio… com a intercessão do Santo Cura D’Ars para que nós Sacerdotes sejamos respeitosos e próximos com os demais irmãos!

Pe. Cássio S Souza


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