12 janeiro 2024

Theotokos: Mãe de Deus

 “No início de um novo ano, somos convidados a colocarmo-nos na escola da discípula fiel do Senhor.”

Irmãos e Irmãs,

Na liturgia de hoje o nosso olhar continua a voltar-se para o grande mistério da encarnação do Filho de Deus enquanto, com particular ênfase, contemplamos a maternidade da Virgem Maria. No trecho da segunda leitura que ouvimos (cf. Gl 4, 4), o Apóstolo Paulo refere-se de maneira muito discreta àquela, mediante a qual o Filho de Deus entra no mundo: Maria de Nazaré, a Mãe de Deus, a Theotokos. No início de um novo ano, somos como que convidados a colocarmo-nos na sua escola, na escola da discípula fiel do Senhor, para que Ela nos ensine a acolher na fé e na oração a salvação que Deus deseja derramar sobre quantos confiam no seu amor misericordioso.

A salvação é um dom de Deus; na primeira leitura, ela foi-nos apresentada como bênção: “Que o Senhor te abençoe e proteja… te mostre o seu rosto e te conceda a paz” (Nm 6, 24.26). Aqui, trata-se da bênção que os sacerdotes costumavam invocar sobre o povo no final das grandes solenidades litúrgicas, particularmente na festa do ano novo. No pensamento semítico a bênção do Senhor produz, pela sua própria força, o bem-estar e a salvação, do mesmo modo como a maldição dá lugar à desgraça e à ruína. Além disso, a eficácia da bênção é concretizada de maneira mais específica por parte de Deus que nos protege (cf. v. 24), que nos é propício (cf. v. 25) e que nos concede a paz, ou seja, que nos oferece a abundância da felicidade.

Fazendo-nos ouvir esta antiga bênção, no início de um novo ano solar, é como se a liturgia quisesse encorajar-nos a invocar, por nossa vez, a bênção do Senhor sobre o novo ano, que dá os seus primeiros passos, a fim de que ele seja para todos nós um ano de prosperidade e de paz. […]


O Natal é a festa do nascimento do Filho de Deus e também a da nossa filiação divina. Porque somos realmente filhos de Deus, podemos dirigirmo-nos a Ele com a confiança de filhos pequenos e chamá-lo, à maneira das criancinhas: «Papá». «Abbá» é o diminutivo carinhoso com que ainda hoje, em Israel, os filhos chamam pelo pai (abbá).

Maria é Mãe de Deus porque Jesus é Deus! Todas aquelas passagens da Sagrada Escritura que dizem que Jesus é o Filho de Deus e que ele nasceu de Maria são argumentos a favor desta verdade de fé. Ora, se Jesus é Deus e Maria é Mãe de Jesus, a conclusão necessária é que Maria é Mãe de Deus. A passagem do Evangelho de hoje nos transmite que Jesus foi “concebido no seio materno” de Maria (Lc 2,21).

Em Cristo há uma só Pessoa, a divina, e duas naturezas, a humana e a divina; é a Pessoa divina quem se encarna assumindo assim a natureza humana. 

Por outro lado, não conheço nenhuma mulher que seja mãe da natureza humana em geral, mas de Antônio, Joaquim, Maria, etc., de pessoas concretas; as mães não são mães de naturezas abstratas, mas de indivíduos. Santa Maria também, ela é Mãe de uma Pessoa, do Verbo do Pai; logicamente, não porque ela tenha gerado a Pessoa divina na eternidade, mas porque ela a gerou segundo a humanidade quando chegou a plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), ou seja, dela nasceu o Verbo feito carne, Jesus Cristo: ela é Mãe de Deus enquanto que o Verbo fez-se carne nela.

Nós, em união com os cristãos de todos os tempos, alegramo-nos com essa verdade e damos graças a Deus porque ela também é nossa Mãe. Que bom começarmos um novo ano com uma celebração em honra de Nossa Senhora! Ela sempre nos leva a Jesus, o seu conselho para o ano que se inicia é este: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Se fizermos o que a nossa Mãe nos diz, seremos muito felizes durante esse ano e durante toda a vida, seremos guiados por uma Mãe tão boa e nos sentiremos seguros.

Como ser cristão e não ser mariano? Entende-se sem compreender. Ser cristão e não ser mariano é uma contradição! Sinceramente, é difícil compreender esses cristãos, que ao levarem o nome de Cristo não querem levar o de Maria! Não podemos ser indelicados e pouco elegantes para com Nosso Senhor desmerecendo a sua própria Mãe, aquela que ele tanto ama. Não é verdade que nós também nos sentimos ofendidos se alguém começar a falar mal de nossas mães? Temo pelos que não amam Nossa Senhora!

“Maria, porém, conservava todos estes fatos e meditava sobre eles no seu coração” (Lc 2, 19). 

O primeiro dia do ano é colocado sob o sinal de uma mulher, Maria. O Evangelista Lucas descreve-a como a Virgem silenciosa, constantemente à escuta da palavra eterna, que vive na Palavra de Deus. Maria conserva no seu coração as palavras que provêm de Deus e, unindo-as como num mosaico, aprende a compreendê-las. Na sua escola, também nós queremos aprender a tornar-nos atentos e dóceis discípulos do Senhor. Com a sua ajuda maternal, desejamos comprometer-nos a trabalhar alegremente na «construção» da paz, na esteira de Cristo, Príncipe da Paz. 

Seguindo o exemplo da Virgem Santa, queremos deixar-nos orientar sempre e unicamente por Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e para sempre (cf. Hb 13, 8). 

Amém

Nenhum comentário:

Homilia Tríduo Capela São Bras - MFII

TRÍDUO DE SÃO BRÁS - CAPELA SÃO BRÁS - MFII Irmãos e Irmãs,  O Evangelho da MISSA descreve a missão que os Doze mobilizaram pelas aldeias e ...